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Reflexão para o momento atual

Viva + Jesus
UMA SUBLIME VOCAÇÃO

Desejada por alguns, evitada por outros. Vista como necessária para construir um mundo melhor por alguns, a por outros como algo sem importância. Apaixonante para alguns, e algo sujo para outros. Ouvir a palavra “política” provoca em nós as mais diferentes reações.

A verdade é que estamos diante de um momento de tomada de decisões para o futuro de nosso país e dos estados. Não podemos fugir disso. O desafio é como sermos cidadãos responsáveis e – quem crê no Deus bíblico – como praticar a vontade de Deus.

Forma preciosa de caridade – Já no seu documento programático, o Papa Francisco expressava suas convicções sobre esse tema em forma de uma oração: “Peço a Deus que cresça o número de políticos capazes de entrar num autêntico diálogo que vise efetivamente sanar as raízes profundas e não a aparência dos males do nosso mundo. A política, mesmo tão denegrida, é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (Evangelii Gaudium, n. 205).

Polarização e dificuldade de dialogar – O Papa Francisco retoma esse tema na Encíclica Fratelli Tutti. Aí ele toca naquilo que hoje torna tão difícil um diálogo sereno e aberto: o uso da polarização, mecanismo com o qual um se fecha ao outro, e cresce a desconfiança. Nesse contexto, “a política deixou de ser um debate saudável sobre projetos a longo prazo para o desenvolvimento de todos e o bem comum, limitando-se a receitas efêmeras de marketing cujo recurso mais eficaz está na destruição do outro” (Fratelli Tutti, n. 15). “Estamos em meio a uma ‘luta de interesses’, a qual nos coloca todos contra todos, onde vencer se torna sinônimo de destruir” (FT, n. 16). Nesse ambiente, não há espaço para sonhar na solidariedade universal, num mundo onde todos sejamos irmãos e irmãs.

A melhor política – Todo o quinto capítulo dessa Encíclica é dedicada ao tema da “melhor política”. “Atualmente muitos possuem uma má noção da política, e não se pode ignorar que frequentemente, por trás deste fato, estão os erros, a corrupção e a ineficiência de alguns políticos… E contudo poderá o mundo funcionar sem política? Poderá encontrar um caminho eficaz para a fraternidade universal e a paz social sem uma boa política?” (FT n. 176).

O Papa fala da política como serviço ao bem comum. O verdadeiro político é aquele que coloca o pilar da “dignidade humana no centro” (FT, n. 168). Portanto, não basta falar de Deus, ou proclamar que Deus é o maior e está acima de todos, ou prometer ser honesto e praticar a justiça. Somente atitudes de respeito pela outra pessoa, de escuta, de defesa do planeta como casa comum e de promoção de justiça social levam a construir uma sociedade sobre o pilar da dignidade humana. “Vista desta maneira, a política é mais nobre do que a aparência, o marketing, as diferentes formas de maquilhagem mediática. Tudo isto semeia apenas divisão, inimizade e um ceticismo desolador incapaz de apelar para um projeto comum” (FT, n. 197).

Olhar-se no espelho – Será que, no momento em que vivemos, há serenidade para dialogar, para sonhar e falar sobre o Brasil que queremos? Será que somos capazes de cultivar uma visão ampla, de pensar num novo modo de viver, e de integrar os vários aspetos da crise que experimentamos?

No final desse capítulo, o Papa convida os políticos a olhar-se no espelho, e perguntar-se: “Quanto amor coloquei no meu trabalho? Em que fiz progredir o povo? Que marcas deixei na vida da sociedade? Que laços reais construí? Que forças positivas desencadeei? Quanta paz social semeei?” (FT, n. 197).

E o Santo Padre renova seu convite: “Convido uma vez mais a revalorizar a política, que é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum” (FT, n. 180). Deus seja bendito!

Pe. Aldino J. Kiesel, O.S.F.S.

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